O Centro Hospitalar Tondela-Viseu tem vindo a registar indicadores que lhe conferem uma posição de destaque no último ranking nacional do sector, nomeadamente no aumento das cirurgias tradicionais e em ambulatório, consultas externas e primeiras consultas. Este reconhecimento é bom, todos o reconheceram no dia em que esta unidade hospitalar celebrou o dia do seu padroeiro – S. Teotónio. Mas fica aquém da realidade. Que o diga o reempossado presidente do conselho de administração, Ermida Rebelo, que desvaloriza os rankings, para destacar a qualidade na prestação de todos os cuidados de saúde nesta unidade hospitalar.
“O enraizamento de longos anos e a consolidação permanente de uma cultura de qualidade, permite não nos iludirmos e, muito menos, nos intimidarmos com rankings ou outro tipo de avaliações”, garante Ermida Rebelo, para concluir que a visão estratégia do CHTV posiciona-o “alguns parágrafos à frente, nas referências de qualidade, boas práticas e ganhos em saúde”. E passou aos números para evidenciar, perante o ministro Paulo Macedo, que visitou a unidade, a “excelência” de um desempenho que partilha com todos os profissionais da instituição.
De acordo com os dados apresentados, o CHTV registou, de 2011 para 2013, um aumento de 35 por cento nos doentes operados em cirurgia convencional e em cirurgia de ambulatório; a taxa de ambulatorização passou, no mesmo período, de 50 para 61 por cento; o número de inscritos em lista de espera para cirurgia registou um decréscimo de 44 por cento; a mediana do tempo de espera para cirurgia baixou de 6,9 para menos de 1,9 meses; em 2011, por ultrapassarem o Tempo Máximo de Resposta Garantido (TMRG), foram operados 1.038 utentes inscritos no CHTV, noutras unidades do SNS ou convencionadas – em 2013 essas intervenções reduziram-se para 61 -; e as consultas externas registaram em 2013 um aumento de 8,3 por cento face a 2012, e de 12,2 por cento face a 2011.
Superiores à média nacional são também as variações registadas no CHTV: as cirurgias programadas aumentaram de 17,6 por cento entre 2012 e 2013 (média nacional foi de 2,8 por cento); e as intervenções cirúrgicas em ambulatório aumentaram 25 por cento (média nacional de 6,4 por cento). Já nas consultas externas a variação atingiu 9,8 por cento (média nacional de 3,4); nas primeiras consultas 8,3 por cento (média nacional de 2,9); e consultas subsequentes de 10,5 por cento (média nacional de 3,6).
Apesar da generalidade dos indicadores ser favorável ao CHTV, no que respeita aos actos clínicos nele praticados, o conselho de administração não branqueia a existência de “alguns constrangimentos” que pretende resolver o mais rapidamente possível. Um deles, “o mais relevante na perspectiva dos cidadãos”, é para Ermida Rebelo “o tempo de espera para consulta, em algumas especialidades médicas”.
Feito o diagnóstico ao principal constrangimento da instituição hospitalar, o tempo de espera em algumas especialidades, o conselho de administração identificou já dois desafios a encarar nos próximos tempos: melhorar a interligação e articulação com os cuidados de saúde primários e, cumprindo o propósito da Reforma Hospitalar, assumir a referenciação secundária dos utentes da área de influência da Guarda e da Cova da Beira.
O CHTV tem uma referenciação primária na ordem dos 350 mil habitantes e secundária de cerca de 540 mil. A prestação de cuidados é centrada em função do utente e da cooperação entre instituições.
O dia do padroeiro no Hospital de S. Teotónio, ficou ainda marcado pela cerimónia de atribuição de medalhas de dedicação e mérito a dezenas de colaboradores da instituição, e pela tomada de posse do novo conselho de administração. A que continua a presidir Ermida Rebelo, tendo como vogais Ruben Tavares, Rui Melo, Helena Pinho (directora clínica) e Cassilda Neves (enfermeira directora).
ALMEIDA HENRIQUES INSISTE NA RADIOTERAPIA
Almeida Henriques, presidente da Câmara de Viseu, não está disposto a deixar cair a unidade de radioterapia há muito prometida à região. E porque assim é, fez questão de relembrar esta reivindicação, durante a visita que o ministro da Saúde, Paulo Macedo, fez ao Centro Hospitalar Tondela-Viseu.
O autarca sublinhou que para a qualidade dos serviços prestados ser total, é “absolutamente necessário” dotar a oncologia com a unidade de radioterapia, colmatando desta forma uma lacuna que pesa sobre os utentes desta especialidade.
Almeida Henriques acentuou a importância estratégica do Hospital de S. Teotónio – “como gosto de o continuar a chamar” -, pela cobertura considerável de uma vasta região, da qual é “uma das âncoras” ao dar resposta a mais de meio milhão de pessoas. A exemplo de Ermida Rebelo, presidente do CHTV, também o autarca desvaloriza os rankings. Prefere, isso sim, acentuar a importância que para a qualidade dos serviços representa o trabalho colectivo de médicos, enfermeiros e restante comunidade hospitalar.