Durante três dias (18, 19 e 20 de Julho), Viseu vai transformar-se na capital do som. Com a chancela científica da World Forum for Acoustic Ecology (WFAE), e a convite da Câmara Municipal, investigadores e artistas de todo o mundo reúnem-se nesta cidade para reflectirem sobre os problemas acústicos e a sua influência em ambiente urbano, naquele que será o primeiro Simpósio do Som na Península Ibérica.
Apresentado nas antigas instalações do Orfeão de Viseu, na Rua Direita – um espaço que a Câmara Municipal quer recuperar para ali promover actividades culturais e educativas -, o Simpósio Internacional «Invisible Places Sounding Cities» será “mais um forte contributo para a promoção da atractividade turística da cidade, demonstrando, com esta realização, que Viseu tem uma escala certa e humana para atrair projectos internacionais desta dimensão”, reconhece Almeida Henriques, presidente da Câmara Municipal.
Com produção da «Cul-de-Sac» e articulado com a programação artística do festival «Jardins Efémeros», o evento realiza-se na Escola Superior de Educação de Viseu, e inicia na data em que se celebra o Dia Mundial da Escuta. A admissão dos trabalhos, a submeter posteriormente à apreciação do comité científico, decorre até 30 de Março.
O desenho do programa do Simpósio é da responsabilidade de Raquel Castro e assenta em três painéis: «Arquitectura e Planeamento Urbano», que terá como conferencista principal o sociólogo e urbanista francês Jean-Paul Thibaud, investigador do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) e do Cresson; «Sons Urbanos, Identidade e Pertença do Lugar», coordenado pelo artista e teórico Brandon Labelle; e «A Arte Sonora como Arte Pública», a cargo da artista e ensaísta suíça Salomé Voegelin, radicada em Londres, que publicou em 2010 o livro Noise and Silence: Towards a Philosophy of Sound Art.
Associam-se ainda a este simpósio, para além do WFAE, o «Cresson», um centro de investigação sobre espaço sonoro e urbanismo integrado na Escola Superior de Arquitectura de Grenoble, e o programa europeu «Cost», dedicado à investigação e cooperação científica e tecnológica.
A presença esperada em Viseu de dezenas de especialistas do som, tem como objectivo principal “criar bases de debate para uma consciencialização mais profunda dos problemas acústicos que a sociedade contemporânea enfrenta e das suas possíveis soluções em termos de design e planeamento urbanístico”.
“Houve a preocupação de que a barreira científica fosse ultrapassada, para que isto não seja uma coisa à porta fechada”, sublinha Raquel Castro, acrescentando que o programa inclui, para além da vertente científica, várias manifestações artísticas em espaços como a Rua Direita e o Rossio, a par da realização de workshops, recolhas, e percursos sonoros.
Com um apoio de 40 mil euros assumido pela Câmara Municipal de Viseu, os custos do Simpósio deverão, no entanto, atingir os 65 mil euros. “Sem as parcerias estabelecidas, não seria possível concretizar este evento”, justifica Sandra Oliveira, responsável pelos «Jardins Efémeros».