A revelação da existência de problemas de saúde entre funcionários da Direcção-Geral de Energia e Geologia, alegadamente provocados pela cobertura daquele edifício do Estado em fibrocimento com amianto, um material potencialmente cancerígeno para o ser humano, reacendeu a preocupação entre entidades que ainda gerem edifícios com aquele tipo de telhados. As escolas, sobretudo aquelas cuja construção recua à década de 80, estão no centro das preocupações. As comunidades educativas, particularmente as associações de pais, exigem às tutelas municipais e nacionais a remoção imediata das placas em fibrocimento. O distrito de Viseu, com alguns casos preocupantes, não é excepção.
“Embora ainda não tenhamos na nossa posse uma relação exaustiva dos estabelecimentos de ensino com coberturas de amianto, é seguro que são vários, por todo o distrito, a exigirem a intervenção imediata de quem de direito”, garante Francisco Almeida, do Sindicato de Professores da Região Centro. O dirigente não poupa críticas ao Ministério da Educação “ao qual caberia a revelação atempada dos casos existentes para que esse perigo deixasse de pairar sobre milhares de crianças, jovens e adultos das nossas escolas”, condena.
Perante a alegada passividade da tutela, na revelação dos casos existentes no distrito de Viseu, o sindicalista promete, para “muito breve”, a revelação de todas as situações. “Vamos substituir-nos à tutela, e proceder, quanto antes, a esse levantamento. Logo que esteja concluído, não hesitaremos em divulgar todos os casos junto da opinião pública”. Tudo porque, conclui Francisco Almeida, “este é claramente um caso de saúde pública que só pode ser combatido, se as pessoas e entidades tiverem cabal conhecimento da sua existência”.
Ao longo dos últimos meses, dois casos problemáticos de coberturas contendo amianto já foram resolvidos em Viseu. Na Escola Secundária Viriato, segundo o director Carlos Alberto Oliveira, já foram retirados cerca de 1700 metros quadrados de placas de fibrocimento, no âmbito das obras de remodelação em fase de conclusão neste estabelecimento de ensino. “Resta o problema do pavilhão gimnodesportivo, mas esta é uma questão que depende da Câmara Municipal, proprietária do equipamento”. Também na EB 2,3 Azeredo Perdigão, em Abraveses, foram retiradas, por alturas da Páscoa de 2013, as placas de fibrocimento degradadas. Aquelas que, segundo especialistas, são as que potenciam problemas de saúde pública.
Mas subsistem ainda casos graves à espera de urgente intervenção. Na cidade de Viseu, a Escola da Ribeira, com 260 alunos no 1º ciclo e 90 no pré-escolar, mantém ainda intacta, deste 1986, toda a cobertura do estabelecimento de ensino. “Algumas placas já deixam passar a água, o que aumenta o risco de emissão de partículas nocivas” admite Anabela Fonseca, presidente da Associação de Pais.
A dirigente associativa disse ao VR que, em recente reunião mantida com o vice-presidente da Câmara Municipal de Viseu, Joaquim Seixas, ficou a garantia de que esta será uma das obras prioritárias e imediatas no plano da autarquia. “Confiamos, na sequência deste encontro de trabalho, que a Câmara irá fazer todos os esforços possíveis, como prometeu, para resolver rapidamente a situação”, acredita Anabela Fonseca.
Inês Campos, directora da Escola Básica Grão Vasco, com mil alunos, não esconde idêntica preocupação. “Só temos amianto numa pequena área, nomeadamente na cobertura do bar dos alunos. Mas isso não nos descansa. Queremos a sua remoção”, diz ao VR. A dirigente confirma a presença no estabelecimento de ensino, a semana passada, de um técnico da Direcção Geral de Estabelecimentos Escolares, a avaliar a situação. “Mas não nos deu qualquer prazo para a remoção do telhado”, alerta preocupada. “Em 2009/2010 fomos uma das quatro escolas, a nível nacional, classificadas com «muito bom» em todos os domínios. “É lamentável que as condições físicas desta escola não acompanhem essa prestação e esse reconhecimento”.
Inês Campos fala ainda de problemas ao nível da caixilharia e infiltrações de água, entre outros problemas identificados e há muito comunicados a quem de direito.