Enquanto os académicos não se entendem quanto à tese defendida pelo historiador duriense Almeida Fernandes, segundo a qual Viseu terá sido a cidade onde nasceu o primeiro rei de Portugal, um grupo de viseenses não perdeu mais tempo e decidiu, de mote próprio, promover aqui a colocação de uma estátua em homenagem a D. Afonso Henriques, elegendo para isso a rotunda junto ao Palácio do Gelo. Tudo “para que não restem dúvidas” quanto à terra natal do monarca e, ao mesmo tempo, para “vincular essa naturalidade” àquele que foi também o «berço» da Lusitânia.
O projecto, de autoria do escultor Augusto Tomás, do Sabugal, vai custar 20 mil euros, mais IVA, montante que será suportado com donativos da população, através de uma campanha de angariação de fundos, e com NIB já disponível na Caixa de Crédito Agrícola Mútuo Terras de Viriato, em Viseu. “A estátua terá mais simbolismo e valor se assim for”, sustenta Fernando de Abreu, em nome da comissão instaladora do monumento, constituída por personalidades da sociedade civil.
Já apresentada à comunicação social no Salão Nobre dos Paços do Concelho, a estátua terá uma altura de 5,5 metros, assentando numa base de betão revestida a granito com 2,5 metros de altura. O monumento, todo ele construído em liga metálica dura, tipo malha de ferro, e preparado para iluminação interior, pesa 600 quilos. Apresenta-se com uma rede a servir de escudo e o mapa de Portugal (ainda sem o Algarve que ainda não tinha sido conquistado aos mouros) desenhado na frente, onde é também visível um coração a vermelho com a inscrição «Viseu». “Só não vai ter rosto porque não há nada que nos diga como era o rosto de D. Afonso Henriques” , explica Fernando Abreu.
Os promotores da estátua a D. Afonso Henriques esperam que esta fique concluída até finais de Agosto, início de Setembro, de forma a que possa ainda ser inaugurada por Fernando Ruas antes do final do seu último mandato na presidência da Câmara de Viseu. O autarca confessa que acolheu de “braços abertos” a ideia e o local da instalação do monumento “num dos locais mais nobres e movimentados da cidade”, e que já é tempo de se assumir que “Viseu é a terra natal de Afonso Henriques”.
“Com este monumento temos de dar isso (o nascimento em Viseu do primeiro rei de Portugal) como definitivamente conquistado”, reforça Fernando Ruas, para quem Guimarães foi sempre “muito elegante” na forma como lidou com este assunto. “Guimarães é o berço da Nação, e Viseu a cidade onde nasceu o seu fundador”, argumenta o autarca, rejeitando “qualquer guerra aberta com aquela cidade”.
A tese que apresenta a cidade de Viseu como o local de nascimento do primeiro rei de Portugal, posteriormente confirmada por outros especialistas, foi avançada há 19 anos pelo historiador medievalista A. de Almeida Fernandes, no livro «Viseu, Agosto de 1109, nasce D. Afonso Henriques», publicado pela Fundação Mariana Seixas.