Patrocinada, a nível regional, pela Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão-Lafões, e Associação de Municípios do Vale do Douro-Sul, a conferência que o Jornal de Notícias promoveu em Viseu, no âmbito dos 125 anos que o matutino portuense está a comemorar, apontou algumas das mais importantes oportunidades de negócio que se depararam a instituições e agentes económicos do distrito. O termalismo, enquanto sector com “grande potencial de inovação”, e intrinsecamente associado à saúde e bem-estar, património histórico, espaço rural, natureza e vinho, surge à cabeça das oportunidades, seguindo-se as indústrias da madeira e farmacêutica.
Na caracterização sócio-económica ao distrito de Viseu, Salvador Leite, da Espírito Santo Research, apontou o comércio e a engenharia como “sectores em queda”, a exemplo do que acontece em todo o país. Em contraponto destacou o sector da produção eólica – a região ocupa o primeiro lugar no ranking nacional ao produzir 13 por cento da energia renovável no país – e, ainda, a concentração do cluster automóvel, uma actividade que coloca esta mesma região como um pólo de referência no contexto nacional e internacional, com reflexos numa forte indústria têxtil.
Em relação ao sector automóvel, o director comercial da Auto-Sertório (concessionário da Citroën em Viseu) confirmou a acentuada quebra de vendas numa região onde a maioria dos concelhos apresenta uma população cada vez mais “envelhecida e deprimida”, alertando, por isso, para a necessidade de uma reorganização do negócio. Isto porque, argumentou, a economia paralela está a estimular a concorrência desleal e, consequentemente, a evasão fiscal. “É um fenómeno em crescimento, quer ao nível do comércio quer ao nível da reparação automóvel”, concluiu.
Na conferência JN 125 anos, o presidente da CIM Viseu Dão Lafões, Carlos Marta, insistiu na necessidade da existência, nos 14 municípios que integram esta Região, de uma estratégia certa e concertada para aceder aos fundos estruturais do próximo Quadro de Apoio Comunitário 2014-2020. Uma estratégia, concretizou o também presidente da Câmara Municipal de Resende, que “deverá estar ao serviço da economia local, criando riqueza e emprego”.
António Borges, presidente da Associação de Municípios do Vale do Douro-Sul, e da Câmara Municipal de Resende, colocou na mesa os “novos paradigmas e desafios” que se colocam à região do Douro, e que levaram já, segundo confirmou a uma avaliação estratégica sobre a execução do novo Quadro de Apoio Comunitário. Tirando partido, explicou, do facto de o Douro-Sul ser “quatro vezes mais especializado do que o resto do país no sector primário, devendo, como tal, assumir-se como o espaço económico que é, para além da sua dimensão cultural e poética”.